30 de outubro de 2012

Minh'alma veste preto


Passam os rostos

olham pra mim e não sabem...
Não sabem ou não querem saber que 

hoje minh'alma veste preto.

O sol brilha indiferente e
não leva em conta as vidas que sustenta.
Não sabe deus, nem as pessoas, que hoje
minh'alma veste preto.

E os corações que choram,
o fazem em silêncio, saudosas à vida,
esperam respeitosamente
a alegria a qual mereciam fazer parte.

E um novo dia surge.
Os rostos passam,
eu os olho e não sei ou não quero saber
se suas almas vestem preto.

Só basta pensar que um dia
serei como os outros que andam por aí
e parecem-me estar sempre felizes,
como se merecessem apenas a felicidade.
 

22 de outubro de 2012

De algum modo ainda há sangue.

Sonhos vazam por cicatrizes abertas,
o vento faz mover as folhas no chão,
Mas não é possível o ver,
nem ao menos o sentir como antes.

O horizonte se distancia,

não importa o quanto corra.
Talvez a promessa de que ele viria
ao nosso encontro fosse um blefe do destino.

Não há como saber, como prever,
mais um martírio pode vir.
Os anjos podem continuar a tortura,
há tempo de sobra pra sofrer.

E os sonhos vazam por cicatrizes abertas
que continuam a se abrir. Os fluídos rebatem
e queimam a carne de dentro pra fora,
jorrando ácido nas esperanças.

E as rapinas se aglomeram ao redor
esperando que morra a alma,
para se alimentarem dos restos mortais
daquilo que um dia foi belo.

21 de outubro de 2012

Reis da noite

Vem com a gente pela noite
vai ser divertido, você vai ver.
Posso conseguir um pouco de alegria
a um preço agradável, você vai ver.

Vamos te mostrar a cidade
como você jamais viu.
Temos pecados de todos os gostos,
não se preocupe, hoje é com a gente.

Vem com a gente pela noite,
se quiser comer alguém, esse é o caminho.
E se quiser ficar alto, temos a solução,
somos os reis, temos tudo a nosso dispor.

Vem com a gente pela noite,
garantimos prazer e satisfação,
Vem com a gente pela noite,
você não vai se arrepender.

14 de outubro de 2012

Àdeus, meu pai.

Pai, conte-me uma história antes de dormir,
já não posso pensar.
Pensar não, meu pai...
Conte-me então uma história pra eu poder dormir feliz
sem me preocupar com o que está lá fora,
e embaixo da minha cama
Meu pai, conte-me uma história, meu pai.

Mas os sonhos sempre vêm, 
e com eles as dúvidas que eu tento reprimir.
As histórias de meu pai
 já de nada me servem.
Estou posto a chorar olhando à minha volta
Não mais sentir, fingir já não posso me resguardar.
Meu pai, estou saindo.

Pois me disseram pra esperar, 
pra não me rebelar,
papai me disse que daria um presentão
mas as regras me dizem pra 
eu não sair do lugar.
Esse é o preço, caro demais a ser pago
meu pai eu não vou esperar.