15 de agosto de 2013

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Não me sinto bem. Estou com raiva, cansado dessa vida medíocre. Em uma palavra, estou puto. E não sei por quê. Simplesmente não sei. O pior é que não posso descontar uma fúria que não tem origem, que não foi provocada. Tudo o que posso fazer é punir a mim mesmo. E me puno todos os dias, na mesma vida escrota, sem graça, cotidiana que todos desejam.
Eu gostaria que alguém fizesse algo que merecesse minha ira. Qualquer coisa! Algum idiota esbarrar em mim e derrubar minha cerveja, ser traído, ser ofendido... Ah! se alguém me batesse do nada! Eu ficaria eternamente grato, realmente feliz com esse gesto de compaixão. Eu poderia me zangar sem me sentir culpado. Poderia explodir em socos, pontapés e palavrões. Poderia bater, e apanhar, por que não?
Me sinto frustrado. Nunca li O Lobo do Mar e até hoje deixei Dostoiévski de lado... Não me sinto bem sabendo que vivo como um fracasso. Se existo, é medíocre. Essa é a palavra: mediocridade. Há quanto tempo nada de excitante acontece... Nem me lembro mais. Só me lembro de que um dia eu tive sonhos que valiam a pena ser perseguidos. E como tinha vigor para persegui-los! Hoje, mal levanto meus olhos quando passo na calçada.
Que alguém me provoque, por deus! Que alguém me permita soltar todos os demônios que sufocam minha existência. Que apareça alguém para eu simplesmente fazê-la chorar. Humilhar. Passar de mim essa angústia que me tortura dos modos mais bárbaros. Transferir para outrem essa fúria que apedreja minha alma e aprisiona minha mente. Quero ser liberto e apenas isso. Liberto de quê, me perguntas? De mim mesmo, penso. Quero me afastar desse meu ser que tanto me aprisiona.