30 de dezembro de 2012

Olhos que brilham.

O tempo leva pra longe paixões penetrantes
faz daqueles amores, paisagens distantes.
Faz de antigos inimigos, amantes,
de velhos amigos, passantes. 

Queria ter ao meu lado,
quem agora só vejo num retrato. 
Pensamentos borrados 
daqueles tempos amados.

Talvez o tempo indobrável
traga de volta o que foi roubado
de um coração indomado.

E que se desfaça o pacto 
que um dia fiz com o diabo
para inibir meu amor.

28 de dezembro de 2012

Rosa esquecida.

O perfume daquela rosa era diferente;
Senti o cheiro do passado. Era tão bom...
Naquela rosa estava minha esperança,
minha constante alma admirada.

Aquela rosa que lhe dei,
foi tão real quanto o que temos agora.
Por um momento parecia tão belo,
mas teremos que deixá-lo no escuro.

Assim como a rosa que lhe dei
também teremos que deixar-nos pra trás.
Como se tivéssemos aproveitado o suficiente,
como se estivesse destinado àquele fim.

Assim tristemente, a rosa foi negada, 
por culpa do destino, do acaso arraigado.
Seu desabrochar não seria visto,
Seu perfume não seria apreciado.

E agora, em algum frio banco de praça,
a rosa que dantes nos aproximava,,
agora está condenada a definhar.

18 de dezembro de 2012

17 de dezembro de 2012

21/12/2012

  Há algumas horas fiquei sabendo que o mundo ia acabar. Os rumores eram variados, mas o fato era incontestável. Todo mundo já sabia e talvez eu tenha sido o último. E, pra falar a verdade, eu não ligava muito. Ligava menos ainda para o motivo: meteoros, alienígenas ou Jesus, dá tudo na mesma no fim das contas. 
  Meu apartamento de classe média parecia estranhamente apertado. Decidi sair à rua por algum tempo. Duas coisas me chamaram atenção à primeira vista: Havia congestionamento em todas as ruas (provavelmente tentando sair da cidade) e a multidão que se dirigia às igrejas. Eu ri das duas. Da primeira eu ri pois é irônico que as pessoas passem seus últimos minutos de vida enlatadas dentro de um carro, aonde perdem várias horas de seus dias fúteis. Da segunda... bem, não sei direito, a possibilidade da existência de um deus naquele momento parecia patética. 
  As lojas estavam abandonadas e, obviamente, foram saqueadas. De novo eu esbocei um sorriso ao pensar que a ideia de trabalhar quando se pode aproveitar o último dia de sua vida é ridícula. Entrei em uma dessas lojas de conveniência e peguei uma garrafa do melhor uísque e um cigarro. Eu não fumava, mas por que não começar agora? Eu não iria morrer de câncer mesmo... Bebi e fumei como um rei.
  Quando saía da loja decidi pegar uma barra de chocolate. Não estava com fome, mas estava à mão e ninguém iria se importar. Enquanto Andava pela rua pensei que seria passar meus últimos minutos de vida no lugar que mais gosto. Mais um sorriso. Entrei em um prédio desconhecido. Os apartamentos estavam todos abandonados, com as portas abertas... A futilidade consumista parecia ridícula naquela altura. TVs, videogames, computadores... tudo abandonado. Entrei em um dos prédios, a sensação nervosa de que eu estava roubando aflorou em minha mente. Não liguei. Achei o que procurava: peguei uma caneta e uma folha de papel e sentei na sacada. 
  Dizem que quando há a eminência da morte, as pessoas se lembram de quem amam. Dessa vez ri largamente. Não pensei em ninguém. Talvez eu não amasse ninguém... mas, e daí? O caos lá fora diminuíra... o desespero dera lugar às orações. Orações desesperadas. Mas pelo menos entorpeciam as pessoas. A morte doeria menos para elas. 
  Comecei a rabiscar algumas palavras... logo uma estrofe de uma poesia apareceu, em traços seguros. Achei cômico escrever aquilo, já que ninguém leria. Inclinei a cabeça para continuar escrevendo. Ouvi um barulho vindo da sala. Era um cachorro. Estava deitado no canto, provavelmente sentindo que algo estava errado. Mas ele não estava desesperado, nem ao menos latia. Ao meu chamado se levantou e deitou-se no meu colo. Acariciei sua cabeça e pensei que não havia melhor companhia para a morte. 
  Tentei escrever. Outro barulho. Vinha da porta de entrada dessa vez. Uma mulher magra, com cabelos lisos, não muito feia entrou. Voltei os olhos para o papel em minha mão, que era mais interessante. Ela gritou comigo. Algo sobre querer ser comida antes de morrer. Não liguei. Não ia passar meus últimos minutos de vida comendo alguém que nem conheço. Não sei o por que. Só não estava afim mesmo. Ela então sacou uma arma e deu dois tiros. Matou-me no mesmo instante. Aproximou-se de mim, arrancou o papel de minha mão e leu:

Não importa o quanto tentemos ser bons,
mesmo com a última badalada do sino que prevê a morte, 
temos a incrível capacidade de sermos fúteis e desejarmos
nada mais que estarmos vivos, mesmo sem viver. 
Quando a morte chegar, estarei então preparado e

  Ela chorou por alguns minutos, não pela minha morte, mas porque queria saber o que eu escreveria a seguir. Então um forte estrondo se ouviu no horizonte, o chão tremeu e não se viu mais nada. 
  E eu não vivi para ver o fim do mundo. 

15 de dezembro de 2012

Cavidades poéticas


Sombras mortais condensadas em desejos abstratos.
A felicidade diluída em cápsulas, três vezes ao dia.
Símbolos de liberdade acorrentam opiniões.

Ideais fúteis retocadas em sangue.
Os olhos fechados para orar, perdem
o reality horror show que ninguém quer ver. 

Corrosão mental e inspiração demoníaca:
argumentos que mascaram a denúncia evidente
que a parca elite tenta acobertar em divinas marcas de status.

O destino sagrado da predestinação foi tirado de deus
e dado aos poucos porcos, fadados ao assassínio cruciante,
por meio de poder e direitos inumanos, inconscientes e ilógicos.

Tronos e armas, cravejado em diamantes, 
crivam em nós, submissos e dormentes
o doce ardor da alienação intermitente.

13 de dezembro de 2012

Vou-me-volto

Queria lhe dizer que vou embora,
pra nunca mais voltar.
O mundo é grande demais,
pra eu simplesmente te esperar.

Era grande a esperança
de que viesses comigo,
mas compreendo agora
que não passo de um amigo.

Quem sabe um dia voltarei,
com um beijo não dado.
Não lhe escreverei,
nem mesmo deixarei recado.

Mas sinto que este não será
nosso último contato.
Nossas vidas ainda serão,
colocadas num retrato.

10 de dezembro de 2012

Lágrimas secas

Havia vinho naquela taça.
Envenenado talvez... e talvez eu soubesse
antes mesmo de bebe-lo.

Matar-me? Penitência miserável!
Queriam ver-me sofrer, em meio a sorrisos frouxos
e palavras desnecessárias.

Havia vinho naquela taça... Envenenado talvez.
E fez-me perder as lágrimas. Secaram-[se]. Secaram-[me],
não consigo chorar... o pranto simplesmente não sai.

E em meio à chicoteios profanos no sagrado coração pecador,
fico eu, amuado, desemparado.
Cego em meio às belas paisagens deslumbrantes,
que antes faziam-me crer e agora só provam que eu estava errado.

Pois como é lindo, florido e variado, o mesmo cemitério
que antes fazia as lágrimas descerem, amargas,
à lembrança de um de nós que já se foi.
Mas eu não sei esquecer, não consigo mais chorar.

E um amor, que se vai, roubado pela bondade divina,
simplesmente me ensina,
que em deus também não se pode confiar,
a menos que já se espere que o pior não te faça mais chorar.

1 de dezembro de 2012

Apê 20-12

Tenho um vizinho, 
que é meio mal encarado, 
que mora ali ao lado 
e veio me buscar.

Ele não gosta de preto,
não gosta de viado,
não gosta de engomado,
mas veio me chamar.

Ele não gosta de traveco,
não gosta de judeu,
não gosta de plebeu,
mas quer o que é meu.

Por favor, me deixa aqui ficar,
pois logo ali ao lado
tem um Senhor malvado
que diz que vai me amar.

Ele não gosta de puta,
não gosta de cigano,
nem de muçulmano,
mas diz que é humano
e veio me salvar.

Ele não gosta de estrangeiro,
não gosta de roqueiro,
e nem de motoqueiro,
Ele diz que é maneiro
e veio me ensinar.

Por favor, me deixa aqui ficar,
pois logo ali ao lado
tem um Senhor malvado
que diz que vai me amar.

Ele não gosta de divórcio,
não gosta de ateu,
nem de filisteu,
mas Seu amor é meu.

Ele não gosta de pobre,
não gosta de ciência,
nem de outra crença,
mas veio me testar!

Por favor, me deixa aqui ficar,
pois logo ali ao lado
tem um Senhor malvado
que diz que vai me amar.

Logo ali ao lado,
tem um cara parado,
que parece estar armado
e veio me matar.

É melhor tomar cuidado,
o velhinho ali sentado
pode se zangar.

[Inter]ligados.

Considere-me preso 
ao teu destino,
ao teu delírio, 
ao teu martírio. 

Sinto que sou mais
que um bom amigo,
um ex mesquinho,
um futuro desalinho.

Sem demora eu espero,
um sinal incerto,
um desejo eterno,
um beijo sincero.

De uma conversa a sós,
eu vejo em nós,
futuros viajantes,
pra sempre amantes.

De olhos fechados,
vivendo ao acaso,
esperando que você
não demore a perceber.

23 de novembro de 2012

Permita-me


Permita-me viver em você,
Despido de razão, de lembranças.
Quero viver todo o seu aspecto mais ordinário.
Rir teu riso,  chorar teu pranto, orar teu santo.
Ser mais que eu, medíocre e sem vida.
Ser alguém que talvez seja capaz de amar,
me amar quem sabe!

Ser de teu nada o mais real,
De tua paz a guerra,
De tua música a pausa,
De teu céu as estrelas.
Essas que não iluminam, mas
Enfeitam e tocam a alma dos amantes.

Permita-me viver em você,
Sentir o que não sinto, pensar o que não penso.
Um minuto, ou uma vida que seja.
E seja mais do que espero, do que quero.
Que ultrapassemos as belas palavras trocadas,
E possamos sem culpa, trocarmos a alma.

21 de novembro de 2012

Love Story

Amor meu, que ainda não tive em meus braços,
história linda que ainda não se concretizou.
Espero que me ames, como um dia desejo te amar. 
Falar-te os versos que ainda não escrevi. 

Diga-me o que pensas, o que sentes.
Não posso cruzar essa linha sozinho, 
faça parte dessa história, faça acontecer.

Não espere que eu possa te amar sozinho
te despir os sentimentos, te descobrir o amor.
Me beije sem perguntas, sem respostas.
Sem pensar, sem ver, sem pesar, sem sofrer.

Faça de mim completo, por um minuto que seja.
Esqueça o espaço e o tempo. Prenda a respiração.
Quero ver tuas mãos suarem, seus olhos brilharem, 
quero sentir seu coração bater mais forte, sua alma dilatar.

Sem querer, sem poder, 
seja minha pois eu serei teu.
O tempo se dobrará aos nossos pés, 
Seremos um só em corpo e alma,
o mundo inteiro verá
e saberá que foi real.

20 de novembro de 2012

Aquele amor que nunca tive.

Em você minha imagem.
Seu sorriso em minha boca,
minha boca na sua
meu sorriso
em você.

Minha virtude corrente, 
lembranças solenes, 
de momentos ausentes.

Sinto seus sentimentos, 
conheço em seus olhos o medo, 
em seu peito o receio, em sua pele o desejo.

Memórias inexistentes,
solidão presente, 
futuro incerto,
o amor por perto.
Deserto.

18 de novembro de 2012

Negativa

Não é culpa sua.
Nem minha.
Nem de ninguém.

Aconteceu
e vai continuar acontecendo
todos os dias até que eu aprenda
a adestrar meu coração.

Não sei se quero,
não sei se posso.
Não tenho certeza

Não... Não... Não...
Ressoa em miinha mente
como sinos que anunciam
o luto de quem não conheço.

Importar-me?
Por que, se perdi mil e um amores
e ela seria apenas mais uma nas estatísticas?
Mas perder-te a companhia, mata-me a alma.

Não...
Não sei,
não sei se quero saber.
Simples e seco.
 Não.

8 de novembro de 2012

Francamente

Francamente,
Sente a manobra do desistente
nas mãos de poucos gloriosos,
espasmos individuais sorridentes?

Francamente, 
Não vê a condição demente
a que estão fadados os homens
mesmo aqueles mais inteligentes?

Francamente,
Considera sãos os crentes,
aqueles que veem esperança 
nas condições mais pertinentes?

Francamente,
sente o que pensa,
ou pensa o que sente?

6 de novembro de 2012

Insânia


Preciso mexer com calma



Não quero um novo amor que me destrua

não quero uma paixão que me mova contra

o abismo da tortura emocional

quero paz. Sozinho, se preciso for.


Precisa de um tempo para parar o pensamento

De um amor que te ponha feito um louco.

Precisa apaixonar-se mover-se, sem pressa

Precisa de um alguém, precisa de mim!


Mas se estou contigo, o que resta de mim?

Nada! te digo, sugas-me a essência, sem piedade

como um viciado covarde não posso de você me desfazer

em ti a necessidade, em mim a insanidade

Enfim eu preciso partir.

Estêvão & Ana Paula

2 de novembro de 2012

Sem [tido] (Por Paula Nonato)



Pra que calar-se de inspirações absurdas e nebulosas sensações de amor?
Quero o sabor da vida tranquila, a dor depois de um porre. Quatro e vinte quero viajar.
Pra que silenciar o sentir das confusões que rebatem as mentes ocas se ao menos não sabemos mais respirar?!
Gritar encantos, refutar meus prantos só pra me ouvir cantar?
Sair por ai sem rumo, beijar quem conheci agora, a vinda inteira navegar.
Pra que só racionar se amo-te a cada sentimento oculto?
Exploda o mundo e suas concepções, destrua revistas de moda, queime os vizinhos, transe comigo sem parecer vulgar!
Quebre a tv, rasgue o jornal, mate um burro e venha me amar, sem parecer vulgar!
Vulgar, que não tem nada que se deixa destacar. INCONSPÍCUO. Sujo.
Grite com os mais velhos, faça suas ordens, vire um rebelde e venha me beijar.
E depois, nada que eu tenha dito fara sentido, pois tudo que escrevo faz luto à solidão.



Nota: Essa foi umas das coisas mais belas que já li na minha vida. Sem mais

Silêncio

O silêncio faz ouvir-se,
                            e tortura-me. 
Faz-se sentir,
              e confunde-me.

As palavras rebatem 
                         nas mentes ocas
fazem eco... 
               uma vez mais o silêncio.

E nada mais...
                      acompanha-me
                                           e destrói-me inteiro.

Grito-me por dentro,
                      sinto em mim o apelo
                                             de silenciar meus prantos.
                                                                      De não ouvir teus cantos,
                                                                                                      Refutar encantos.

Sinto-me no silêncio, que nunca tive. Que nunca fui.


                                      

30 de outubro de 2012

Minh'alma veste preto


Passam os rostos

olham pra mim e não sabem...
Não sabem ou não querem saber que 

hoje minh'alma veste preto.

O sol brilha indiferente e
não leva em conta as vidas que sustenta.
Não sabe deus, nem as pessoas, que hoje
minh'alma veste preto.

E os corações que choram,
o fazem em silêncio, saudosas à vida,
esperam respeitosamente
a alegria a qual mereciam fazer parte.

E um novo dia surge.
Os rostos passam,
eu os olho e não sei ou não quero saber
se suas almas vestem preto.

Só basta pensar que um dia
serei como os outros que andam por aí
e parecem-me estar sempre felizes,
como se merecessem apenas a felicidade.
 

22 de outubro de 2012

De algum modo ainda há sangue.

Sonhos vazam por cicatrizes abertas,
o vento faz mover as folhas no chão,
Mas não é possível o ver,
nem ao menos o sentir como antes.

O horizonte se distancia,

não importa o quanto corra.
Talvez a promessa de que ele viria
ao nosso encontro fosse um blefe do destino.

Não há como saber, como prever,
mais um martírio pode vir.
Os anjos podem continuar a tortura,
há tempo de sobra pra sofrer.

E os sonhos vazam por cicatrizes abertas
que continuam a se abrir. Os fluídos rebatem
e queimam a carne de dentro pra fora,
jorrando ácido nas esperanças.

E as rapinas se aglomeram ao redor
esperando que morra a alma,
para se alimentarem dos restos mortais
daquilo que um dia foi belo.

21 de outubro de 2012

Reis da noite

Vem com a gente pela noite
vai ser divertido, você vai ver.
Posso conseguir um pouco de alegria
a um preço agradável, você vai ver.

Vamos te mostrar a cidade
como você jamais viu.
Temos pecados de todos os gostos,
não se preocupe, hoje é com a gente.

Vem com a gente pela noite,
se quiser comer alguém, esse é o caminho.
E se quiser ficar alto, temos a solução,
somos os reis, temos tudo a nosso dispor.

Vem com a gente pela noite,
garantimos prazer e satisfação,
Vem com a gente pela noite,
você não vai se arrepender.

14 de outubro de 2012

Àdeus, meu pai.

Pai, conte-me uma história antes de dormir,
já não posso pensar.
Pensar não, meu pai...
Conte-me então uma história pra eu poder dormir feliz
sem me preocupar com o que está lá fora,
e embaixo da minha cama
Meu pai, conte-me uma história, meu pai.

Mas os sonhos sempre vêm, 
e com eles as dúvidas que eu tento reprimir.
As histórias de meu pai
 já de nada me servem.
Estou posto a chorar olhando à minha volta
Não mais sentir, fingir já não posso me resguardar.
Meu pai, estou saindo.

Pois me disseram pra esperar, 
pra não me rebelar,
papai me disse que daria um presentão
mas as regras me dizem pra 
eu não sair do lugar.
Esse é o preço, caro demais a ser pago
meu pai eu não vou esperar.

23 de setembro de 2012

Amanhã, não mais.

Jogaremos os livros às traças.
Que diferença faz se ninguém os lê?
Cessaremos com os gritos por liberdade.
Que diferença faz se ninguém os ouve?

Que diferença faz se os sonhos
podem ou não tornar-se realidade?
São desacreditados sem sequer
serem ponderados e,
assim, jogados ao vento.

Rasgaremos a constituição,
encerraremos os debates,
sejam políticos
religiosos,
científicos ou
futebolísticos.
Aceitemos nossa própria hipocrisia.

Sentaremos em frente à uma TV
comprada à prestação e assistiremos
cheios de pesar às tragédias inocentes
de simples indigentes.
Morreram 20 assassinados,
5 foram estupradas,
700 esperam em hospital.
Hora da novela, boa noite.

Votaremos, silenciosamente.
Aplaudiremos, sonoramente.
Protestaremos, hipoteticamente.
Viveremos, ridiculamente.

Jogaremos os livros às traças.
Que diferença faz se ninguém os lê?

20 de setembro de 2012

Banco da praça

Sentados no velho banco da praça,
a discutir nossos ideais, partilhar nossos desejos.
Lá estávamos nós, uma vez mais a trocar informações,
partilhar emoções, esclarecer contradições.

Lá estávamos nós, sentados no banco da praça,
jovens almas sedentas por descobrir um pouco mais da vida.
Que prazer ao discutir o que hoje não se discute!

O que nos restou são cadeiras confortáveis de escritório, 
elas nos fazem esquecer do velho banco da praça, e junto se vai
os ideais, os valores, os sonhos, as crenças, as dúvidas e as respostas.

12 de setembro de 2012

Funeral

Quando se for com a aurora
tua alma a planar pelo vazio,
baixaremos nossas cabeças,
uma noite choraremos lastimados.

Os ventos assoviarão tristemente
homenagearão a carne sob a terra,
nos lembrarão do sangue derramado
e partirá-nos o coração à ruína da vida.

O sino da capela anuncia a vinda,
daquele que não mais virá à nós.
Lembraremos ainda e ver-te-iremos,
ainda que seja preciso um momento de paz.

13 de agosto de 2012

Você!?!

Eu e você temos muito em comum
eu sou pobre e você me explora, 
estou de olho em você
e sem mim você não dorme.

Seus olhos brilham ao ver o que faço...
o que construo com minhas próprias mãos
enquanto você não tira a bunda do sofá.
Eu dou duro por um mundo melhor pra você.

Agora pense sobre minhas palavras,
pois um dia elas se tornarão a realidade
que você nunca imaginou que se tornaria.
Serei seu inferno, construirei sua própria destruição.

10 de agosto de 2012

Às vezes


Às vezes é necessário perseguir o que não existe,
Amar o impossível, odiar o visível e sentir.
Os velhos fios estão prontos a dar vida às marionetes,
à menos tenham escondido algo de nós, pobres mortais.

Às vezes, às vezes e só assim...
Deslumbrar a rebelião, o opor de opinião.
Ver o que acontece ao andar na contra mão,
Ao menos aplaudir pela janela ao darem pérolas aos porcos.

Sentar-se ao relento e ver a chuva com outros olhos,
costurar o futuro em meio à vontades inertes,
virar a página de um livro já escrito e então apagar...
escrever outro fim, para aquilo que já foi dito tantas vezes.

6 de agosto de 2012

Ira

Chega o dia em que a raiva
desperta dentro de nós.
Explode o ódio em seus olhos
e toma conta do corpo...
da alma... do espírito...

Face a face com seus inimigos,
face a face com o diabo,
de cara no chão...
Tudo o que você queria
era um segundo com a morte,
apenas para medirem forças.

A ira é maior que o amor, eu sei
Te cega e te faz mais forte, mais poderoso.
Te faz entrar no esquema daqueles porcos
que te deixaram pra trás.

Luta contra si mesmo, velho amigo...
Deixe sua dor chegar ao ápice,
e depois relaxe, a dor vai passar...
A ira é maior, faz a dor parecer menor.

Faz a dor parecer menor, eles dizem...

25 de julho de 2012

Por Nós!

Crianças na guerra capital,
lutando pra sobreviver.
Ouço seus urros de dor...
seus gritos de socorro ressoam
sem nenhuma esperança no ar.

As paredes do quarto são tão finas...
já não posso ignorar os que clamam
pelo direito de viver, pelo direito simples de ser.
Não posso mais fechar meus olhos, dormir em paz
enquanto outros, iguais ou melhores que eu
definham nas portas das mansões de ouro.

Mentiram para mim!!! Fora daqui há dor,
há sofrimento em corações humanos,
há a desilusão implantada por caluniadores
frívolos e desalmados!!! Há aqueles que sofrem
E há aqueles que assistem pasmos, ou ainda aplaudem.

Mas ainda há esperança, um fio que seja.
Não tiro isso de mim mesmo... Vejo a esperança
nos olhos daqueles que não têm mais em que acreditar.
Vejo neles a força para continuar, a força para crer que
mesmo em guerra, existe a paz.

17 de julho de 2012

Mudanças

Quero mudar. Pra melhor é claro... Entretanto é necessário admitir que toda mudança, todo aprendizado tem seu preço. Dizer que o amor é fácil de ser vivido é mentira e eu sou a prova viva disso. Eu amei, eu amo, e sempre amarei. Eis o problema. O amor não é suficiente, ele exige respeito, humildade, compreensão, diálogo e uma série de coisas que vai se adquirindo ao longo da vida. Meu orgulho, minha repulsa por tudo o que nem relacionado a mim, me fez perder o que mais amo. Hoje eu sei disso. Hoje, eu dou mais valor à vida de outrem. A mudança de valores te faz crescer, te fazer ver o que antes não se via. É necessário aprender a amar, e aprender a viver. Os dois se completam e um dia, alguém completará você.

11 de julho de 2012

Aniversário de 6 meses de morte do amor

Descanse em paz, amor meu...
amor meu, amor dela, amor nosso
que hoje não é de mais ninguém.

Roubaram-te de mim, amor meu.
Tiram-te sutilmente, com beijos e afagos
raptaram-te e trataram de dizimar o amor
que aqui guardava à sete chave àquela que o raptou.

Separam-te, amor meu, da companhia de minh'alma. 
Com espada afiada fenderam alma e amor.
E de que me adianta a alma, se o amor não está junto à ela?
De que me adianta chorar, se as lágrimas não saem?

Amor, Morto e gelado, amor.
Sepultado às escuras, em meio à lágrimas, dor e traição.
Amor, traído com um beijo, comprado com um rosa,
morto com palavras que atravessam a alma mais fria.

Amor meu, eu tentei salvar-te das garras esfomeadas da morte.
Gritava por misericórdia, aos prantos implorava por mais um dia.
Por mais uma chance, mais uma mentira...
mais uma dança, uma poesia
por mais uma rosa
uma visita...

Descanse em paz, amor meu.
Meu não mais, nunca mais meu. De mais ninguém.
Nem seu, nem mosso, nem mesmo meu.
Sinto tua falta todos os dias, da tua companhia.

Amor de mais ninguém, amor morto.
Descanse em paz, na indigência a que foi condenado.
Amor meu, amor.


10 de julho de 2012

Pais

Queria acertar os ponteiros daquele
velho relógio pregado na sala.
Tentar agarrar o mundo com as mãos...
mas está frio demais para tirá-las do bolso.

Se não almoçar tudo
não vai ganhar sobremesa.
É preciso fazer um esforço a mais.
Nunca é demais e você sabe.

Não que eu não queira ajudar...
levantar as mãos aos céus e rezar
parece tão fácil, tão precioso
aos olhos dos santos de pedra.

Os cobertores de seda não podem esperar.
Me mandaram dormir antes das 10.
Queria brincar mais, fazer de conta,
mas o toque de recolher foi dado.
Vai começar a novela.

Não posso reclamar...
Meus pais me dão tudo o que preciso.
Faço quase três refeições por dia,
me dizem o que é educação e
se fico doente juram que vai passar.

Me põem pra dormir e até mesmo
cantam cantigas de ninar.
Os pesadelos não são permitidos,
me proíbo de sonhar.

Me disseram ontem que fazem
sempre o melhor pra mim.
Por isso mesmo me proibiram de ir ao quintal,
um lugar terrível, onde a liberdade pode me encontrar.

9 de julho de 2012

Até quando???
Sufocando sentimentos,
pensamentos, sofrimentos...
São tantos 'entos' que os ventos levam.
Sopram de um norte desconhecido,
parecido com o que eu vi ontem na carta
que você não me deu.

Fazendo de hoje o único dia possível
pra se fazer o que nunca foi feito
perfeito!
Sinto que estou tão perto de recomeçar.
Mas amanhã não é um bom dia para mudanças,
talvez mês que vem, se vem.

Deixei meu amor no bolso de trás
do jeans que eu não uso mais...
Sufocando sentimentos, pensamentos,
pra não sufocar meu literal eu.
Eu... faço de conta
faço contos, como escrevo, poetizo...
Coloco Eu em letras.

27 de junho de 2012

À Alteza

As pessoas que passam me olham
como se eu fosse um monstro,
como se pudessem ver minha alma
ensanguentada, destroçada.

Reverências à Alteza,
grande privilégio conhecer
o sacrilégio em pessoa.
Uma vez mais olharão
 com seus olhos mortos.

E ainda esperam que me deite
no chão gelado onde passaram
aquelas meretrizes! Não deixarei
que me toquem de novo.

Não para destruírem minh'alma.
Eu sei lutar no escuro, acreditem.
Foi assim que venci minhas batalhas.
A única que perdi foi por ter dado meu coração
servido em uma bandeja.

Eu sei que fui tolo,
confiei em quem não se deve.
Participei de meu próprio rito fúnebre.
Não que eu me importe, eu sei ressurgir.

Não que eu me importe.
Posso ser um assim desalmado.
Um assim cínico, assim inescrupuloso
como tantos são...serei mais um.
Reverências à Alteza.

26 de junho de 2012

Voltar pra'quele dia

Queria voltar pra'quele dia
onde nosso beijo aconteceu.
Eu estava frio e cansado, já era tarde
Mas quando eu te beijei...

Voei entre as estrelas e voltei
Meu corpo estava em chamas
não sentia frio, você me aqueceu.

Quero sua mão entrelaçada com a minha
Descanse sua cabeça no meu peito,
quero te ouvir suspirar de amor.

Eu esperava não mais me apaixonar.
Mas imploro ao destino que você seja teimosa,
e me faça ver que vale a pena.

Não esperava outra pessoa,
mas você voltou pra mim,
espero que fique dessa vez,
não quero mais que vá embora.

19 de junho de 2012

Quarto escuro

Sentado naquela mesma
sala escura novamente.
Não consigo me olhar no espelho,
talvez seja por isso que eu não saiba
se estou a rir ou a chorar.

Não vejo as saídas,
nem mesmo as paredes posso ver.
O vento se torna cada vez mais frio.
Sinto as paredes se fechando contra mim.

Perdi meus sonhos e esperanças
em meio à escuridão.
Se ninguém acender a luz,
meu amor se perderá também
e talvez não se encontre nunca mais.

Sonhos de um Futuro

Para você que passa as noites sentado,
olhando para as estrelas e
imaginando um futuro brilhante.

O céu nunca será o limite.
Os sonhos são possíveis.
Sentar-se entre as nuvens
e conquistar o horizonte.

A grama está tão verde,
o pôr do sol, tão lindo...
As aves anunciam o
futuro que está surgindo.

Mas o tempo corre,
atropela e grita
os anos vão e com ele
também vai a vida.

Hoje o céu está nublado
Não há estrelas nem luar.
Pra voar ou correr, estou cansado;
o horizonte parece longe demais.

A grama está tão seca,
o pôr do sol agora chora
por mais um dia que morre,
por mais um dia que vai embora.

Os sonhos? Ficaram pra trás,
O maior sonho agora é sonhar
com o que não se sonha mais.

14 de junho de 2012

Minha poesia em você

Estive pensando em uma
pequena poesia pra você.
Mas vi que não preciso escrever
pra fazer chover.

Apenas um toque,
mesmo que de leve
em seus cabelos soltos,
uma vontade de um beijo.

Sentir seu cheiro, ou imaginar
senti-lo uma vez mais.
Viajar sem ir ao longe.
Sentar e me lembrar de ti.
Isso é poesia pra mim.

Te dar um sorriso hoje,
parar e perceber o quão bela
a vida pode ser, e ela é.
O quão linda é você na minha vida.

Ver você partir e ter a certeza
que sentirá saudade e quando 
finalmente estiver de volta, 
estarei aqui pra receber o
melhor abraço de todos, de novo.

Ver que em volta todos estão
em preto e branco e nós, 
querida, estamos tão vivos,
tão coloridos, juntos sob o céu azul.

Isso pra mim é poesia, querida.
Assim, juntos na mesma linha.
Eu e você, caminhando juntos
 para um mesmo horizonte.

12 de junho de 2012

Crise feliz

Crise. 
De existência, de experiência.
Crise.
De criatividade, de moral e de ética.

Não saber quem é
tem seus prós e seus contras.
É difícil se achar, mas se torna
fácil descobrir vários eu's.

Não sei porque escrevo.
Sento e escrevo.
Talvez é por tentar me encontrar,
talvez queira que as pessoas se encontrem em mim.

Definitivamente não sei quem sou,
ou por que escrevo, ou por quem choro,
ou por quem estou apaixonado [se estou].
Não sei por que ou pra quem escrevo.

Absolutamente, não sei...
Só sei que faço.
Que sinto.
Que sou.

4 de junho de 2012

Adeus, mundo cruel

Não estou me sentindo muito bem
acho que vou me deitar. 
Vocês que aí ficam, continuem a prosear.

O céu azul é sempre o mesmo.
Se ele parece cinza hoje,
é através da alma por qual o vejo.

Àqueles que desprezam minha alegria,
comam à vontade, hoje lhes será servido
o maior banquete do dia.

Adeus mundo cruel,
Aqui não merece viver
nobres almas como eu.

2 de junho de 2012

Promessas

É uma pena que não saibas
o valor de uma promessa.
Ter deixado tudo o que
eras ficar para trás.

Lamento que não tenhas
me amado de verdade.
O amor, se não sabes,
é eterno, nunca morre.

Esqueci tudo o que um dia havias
prometido. As mentiras não ficam.
Elas vão embora quando se vira as costas,
 tudo o que resta são lembranças.

Continue com tua vida agnóstica,
pois eu continuarei procurando alguém que
possa não só prometer nunca partir
mas, de fato, permanecer para sempre.

31 de maio de 2012

Poeta e Poesia

Considero-me poeta.
Não por saber rimar ou
rabiscar palavras difíceis.
Muito menos por versear.

Considero-me poeta
 por escrever o que sinto.
Por rir de mim mesmo e
e desabafar em um papel,.

Considero-me poeta
não porque conheço as palavras
mas porque brinco com elas,
e as faço serem minhas, e só minhas.

Escrever poesia é fazer com que
as palavras ganhem asas, fazer
Com que elas riam ou que chorem.
Escrever poesia é sofrer sorrindo.

Ser poeta é emprestar sua própria alma
às palavras, para que ganhem vida e
sobrevoem os olhos daqueles
que deslumbram o belo.

30 de maio de 2012

Vita

Olhando pela janela do meu quarto
vejo infinitas possibilidades ao horizonte.
Vejo mil e uma soluções para problemas
que eu mesmo inventei.

Se um pássaro voa acima, no céu azul
pergunto-me quando serei livre.
Mas no fundo do peito eu sei,
só serei livre quando me livrar de mim.

Velhos amigos cruzando a linha do destino,
o círculo cada vez mais estreito.
Ouço minha alma gritando a cada segundo
que perco divagando sobre minhas outras vidas.

Cada sintoma de dor é apenas a realidade
me chamando de volta à vida.
Seria melhor viver em meus sonhos,
assim não teria que viver.

29 de maio de 2012

Pensavas que seria assim?

Tu não sabias que seria assim.
Pensavas que me tirando da sua vida
se curaria da doença que eu me tornei?

Perdoe-me querida, mas a vida não é assim.
Se eu sou uma doença, sou incurável. 
Tu se lembrarás de mim. Eu ficarei mais forte
na tua cabeça e em minha própria vida alheia.

Tu pensavas que seria feliz ao deixar-me,
mas percebeu que deixou a felicidade pra trás?
Sempre que lembrares de mim, eu estarei lá, 
É realmente uma pena, mas não poderei ficar
para te ver chorar. Terei que partir.

Esperas uma rosa toda manhã mas
toda noite dorme, com uma lágrima.
Tu não sabias que seria assim?

26 de maio de 2012

Olhe pra trás

Olhe pra trás
Veja o que fizeste a nós dois.
Olhe pra trás 
Tente não sentir saudade.
Olhe pra trás
Quanta coisa errada.
Olhe pra trás
Acostume-se a sofrer.
Olhe pra trás
Torture-se pensando no que
poderia ter sido diferente.
Olhe pra trás e sinta a dor.
Ou simplesmente faça como eu
Não olhe pra trás.


24 de maio de 2012

Verde e amarelo

Como são ternos os velhos sorrisos amarelos.
Os belos sinceros sorrisos amarelos.
Emprestados ao sol, jogados ao céu.
Como são belos os velhos sorrisos amarelos.

Como são singelos os sorrisos amarelos.
Sinceros dizem sim ao sentimento cego
de saudar os safados Josés,
 feitores dos caros sorrisos amarelos.

Como são tolos os velhos sorrisos amarelos.
Deixam-se acreditar sem pensar
que seus belos sorrisos amarelos enfeitam
a grandeza da bandeira brasileira.

Grite!

Não se afaste como fizeram
os tolos que tem medo da morte.
Ela virá, quer tenha medo, quer não.
A coragem não o fará imortal.

Avante! Coragem sobre a selva.
Temer não o fará mais humano.

Sobrepujando os meros  mortais,
 aqueles mesmos que desprezaram
o inferno de Dante, assim virá o inegável.
Não se afaste quando essa hora chegar.

Não cale-se diante do medo paralizante.
Grite, grite, o mais alto possível, grite!!!

Não que a dor lacerante vá se apaziguar,
mas acredite que seus últimos gritos de agonia
podem acordar aqueles que ainda esperam
dormindo por uma dor que podem evitar.

22 de maio de 2012

Consciência

Consciência, com ciência.
Convivência, conveniência,
competência, coerência.
Coexistência.

Continência, contingência,
concorrência, com licença.
com decência, Consciência.

16 de maio de 2012

Fim de noite.

Ela me chama de amor,
me seduz com seu mistério.
Ela sussurra ao meu ouvido
e faz-me arrepiar com um suspiro.

Ela me corteja a noite toda,
Sua voz mansa me acalma.
Dança como uma dama,
mas sabe convencer como ninguém.

Ela sabe tudo sobre mim,
atrai-me com sua beleza exótica.
Inclina teu rosto gelado sobre mim,
Tudo o que pede é um beijo.

"Não estou pronto", digo a ela
há tanta coisa pra se viver ainda.
"Ninguém está preparado" responde,
"Mas é necessário fazê-lo agora".

Me rendo a seus encantos, enfim.
Esqueço as esperanças, futuro já não tenho.
Me inclino para um último beijo
Frívolo e sem sentimento.

Toco finalmente seus lábios.
Meu corpo todo está gelado agora.
Uma pequena lágrima escorre,
daquele que não sonha mais.

15 de maio de 2012

Dia nublado

A cada manhã você abre a mesma janela e olha a mesma tediosa paisagem ao redor.
Grita com o mundo esperando uma resposta, simples que seja.
O silêncio será o melhor do seu dia nublado e você sabe disso.

6 de maio de 2012

Qualquer gesto de amor
é ignorado por todos.
As rosas não existem mais.

Sentado à beira do abismo
à espera de um milagre.
De um grito de dor
a resposta é apenas um eco.

O que se pode esperar,
vivendo em uma guerra
onde todos são inimigos?

Esperança não é uma opção.
Jantar as sobras de um
almoço que você nunca comeu.

A juventude está passando
como uma chuva de verão.
Apenas as lembranças ficam.

Assistindo à um triste
Pôr do sol, de um lindo dia.
A noite está vindo,
é melhor se esconder...

Os medos estão chegando.
Os maiores temores vêm a noite.
É melhor se esconder.

4 de maio de 2012

Sonhos passados

Quando me vi sem você,
não tive mais nada a dizer.
Me vi sozinho, calado 
o amor disse tudo,
como eu te amei, meu bem.

Você não deu valor,
simplesmente jogou 
toda nossa história fora
como uma poesia antiga.

Tudo o que eu queria agora
era poder te abraçar
dizer que te amo.
Apenas eu e você.

Mas você não entende.
Não somos apenas nós,
o mundo mexeu com a sua cabeça
E você se deixou envenenar.

Separados pelo universo
estamos agora destinados
a sonhar um com o outro,
como se a vida se vivesse dormindo.

E, meu bem, tenho que confessar
que passo todo o meu dia
esperando a hora de dormir
só pra te encontrar mais uma vez.

Pablo Naruda

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos, 
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar 
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos 
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame, 
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

Pablo Neruda

22 de abril de 2012

...

Para relembrar o velho estilo, uma nova poesia. Para escrever é necessário ter uma inspiração... eis que reencontrei a minha hoje.

O amor é como fogo,
chama eterna.
Quando acesa, nunca
se apaga.

Pode ser inflamada,
pela paixão.
Pode ser reduzida,
pela distância.

Mas ela continua lá,
bastando um olhar
para voltar
e queimar tudo à
 sua volta.

31 de março de 2012

Fim

Tu que esperas pela vida
angustiado com o porvir.
Tu que corres desesperado
sem saber pra onde ir.

Tu que para alcançares teus
objetivos, vigia noite e dia.
E tu desafortunado vagante
obcecado pela alegria.

Saiba que de nada adianta
lutares por coisa alguma, pois
a vida, voluptuosa, é impar.

Apesar dos esforços, tente entender
o final será apenas um, e só o
saberemos quando ele nos surpreender.

Trauma

Finge como se fosses um anjo.
Vigia-te demônio!
Cuida-te para que não mate
aos outros e a si mesmo.

Olhai para teu lado e verás,
o quão mórbida é a tragédia
a que destinastes a tua própria vida.
Vede pois a carne de quem dilacerastes.

Monstro de duas caras!
Revela-te na tua real forma.
Apareça à luz dos candelabros
e diz por que tens fome de almas.

Acabe com essa dor
mostre ao mundo quem és.
Não digas que amou!
Nunca fostes apta a isso.

30 de março de 2012

Escolha

O quão fácil é deixar
a vida nas mãos do destino,
tirar a responsabilidade 
de seu próprio fracasso e
simplesmente fingir que é feliz.

Fingir que não ama,
fingir que não sente,
que não vê, fingir que não é.
Se abster da escolha,
e ser nada mais que nada.

Não ter a coragem de acreditar,
de ver que não é mais possível
viver entre a raiva e o amor.
Ah... é necessário escolher,
viver sem escolha é não ter vida.

Sentir a paz de não errar
e o terror de não tentar.
A única realmente escolha necessária
é ter de escolher entre viver
ou simplesmente existir.