3 de novembro de 2013

Pequeno Texto de um Existencialista

Eu estou cansado. Cansado de fingir ser algo que não sou, cansado de tentar me reinventar. Passou da hora de encarar a verdade: não sou. Simplesmente. Me modelo a partir de outras mentes, me vejo a partir de outros olhos e sinto a partir de outras mentes. Eu? Não existo enquanto ser humano. Sou apenas uma massa amórfica, um pedaço de carne que não se sustenta a não ser que correntes me levantem, ao mesmo tempo que me prendem.
Liberdade!
Que bela palavra. Mas estou cansado de fingir que há nela um significado. É mais uma mentira que nos permite viver em paz, com esperança. É o Deus dos ateus! Não me importarei mais com liberdade. Não me importarei mais com o que nunca serei. A partir de hoje, decreto morto o espírito que me carrega. A partir de hoje, serei apenas aquilo não sou. Não sou.
E que esteja, pois, nessas palavras, o óbito da pseudo-alma que declarei ter. Que seja a morte. Mas se alguém que vê aqui motivo de luto, não se aborreça.

Não se deve chorar com a morte de uma mentira.