31 de maio de 2012

Poeta e Poesia

Considero-me poeta.
Não por saber rimar ou
rabiscar palavras difíceis.
Muito menos por versear.

Considero-me poeta
 por escrever o que sinto.
Por rir de mim mesmo e
e desabafar em um papel,.

Considero-me poeta
não porque conheço as palavras
mas porque brinco com elas,
e as faço serem minhas, e só minhas.

Escrever poesia é fazer com que
as palavras ganhem asas, fazer
Com que elas riam ou que chorem.
Escrever poesia é sofrer sorrindo.

Ser poeta é emprestar sua própria alma
às palavras, para que ganhem vida e
sobrevoem os olhos daqueles
que deslumbram o belo.

30 de maio de 2012

Vita

Olhando pela janela do meu quarto
vejo infinitas possibilidades ao horizonte.
Vejo mil e uma soluções para problemas
que eu mesmo inventei.

Se um pássaro voa acima, no céu azul
pergunto-me quando serei livre.
Mas no fundo do peito eu sei,
só serei livre quando me livrar de mim.

Velhos amigos cruzando a linha do destino,
o círculo cada vez mais estreito.
Ouço minha alma gritando a cada segundo
que perco divagando sobre minhas outras vidas.

Cada sintoma de dor é apenas a realidade
me chamando de volta à vida.
Seria melhor viver em meus sonhos,
assim não teria que viver.

29 de maio de 2012

Pensavas que seria assim?

Tu não sabias que seria assim.
Pensavas que me tirando da sua vida
se curaria da doença que eu me tornei?

Perdoe-me querida, mas a vida não é assim.
Se eu sou uma doença, sou incurável. 
Tu se lembrarás de mim. Eu ficarei mais forte
na tua cabeça e em minha própria vida alheia.

Tu pensavas que seria feliz ao deixar-me,
mas percebeu que deixou a felicidade pra trás?
Sempre que lembrares de mim, eu estarei lá, 
É realmente uma pena, mas não poderei ficar
para te ver chorar. Terei que partir.

Esperas uma rosa toda manhã mas
toda noite dorme, com uma lágrima.
Tu não sabias que seria assim?

26 de maio de 2012

Olhe pra trás

Olhe pra trás
Veja o que fizeste a nós dois.
Olhe pra trás 
Tente não sentir saudade.
Olhe pra trás
Quanta coisa errada.
Olhe pra trás
Acostume-se a sofrer.
Olhe pra trás
Torture-se pensando no que
poderia ter sido diferente.
Olhe pra trás e sinta a dor.
Ou simplesmente faça como eu
Não olhe pra trás.


24 de maio de 2012

Verde e amarelo

Como são ternos os velhos sorrisos amarelos.
Os belos sinceros sorrisos amarelos.
Emprestados ao sol, jogados ao céu.
Como são belos os velhos sorrisos amarelos.

Como são singelos os sorrisos amarelos.
Sinceros dizem sim ao sentimento cego
de saudar os safados Josés,
 feitores dos caros sorrisos amarelos.

Como são tolos os velhos sorrisos amarelos.
Deixam-se acreditar sem pensar
que seus belos sorrisos amarelos enfeitam
a grandeza da bandeira brasileira.

Grite!

Não se afaste como fizeram
os tolos que tem medo da morte.
Ela virá, quer tenha medo, quer não.
A coragem não o fará imortal.

Avante! Coragem sobre a selva.
Temer não o fará mais humano.

Sobrepujando os meros  mortais,
 aqueles mesmos que desprezaram
o inferno de Dante, assim virá o inegável.
Não se afaste quando essa hora chegar.

Não cale-se diante do medo paralizante.
Grite, grite, o mais alto possível, grite!!!

Não que a dor lacerante vá se apaziguar,
mas acredite que seus últimos gritos de agonia
podem acordar aqueles que ainda esperam
dormindo por uma dor que podem evitar.

22 de maio de 2012

Consciência

Consciência, com ciência.
Convivência, conveniência,
competência, coerência.
Coexistência.

Continência, contingência,
concorrência, com licença.
com decência, Consciência.

16 de maio de 2012

Fim de noite.

Ela me chama de amor,
me seduz com seu mistério.
Ela sussurra ao meu ouvido
e faz-me arrepiar com um suspiro.

Ela me corteja a noite toda,
Sua voz mansa me acalma.
Dança como uma dama,
mas sabe convencer como ninguém.

Ela sabe tudo sobre mim,
atrai-me com sua beleza exótica.
Inclina teu rosto gelado sobre mim,
Tudo o que pede é um beijo.

"Não estou pronto", digo a ela
há tanta coisa pra se viver ainda.
"Ninguém está preparado" responde,
"Mas é necessário fazê-lo agora".

Me rendo a seus encantos, enfim.
Esqueço as esperanças, futuro já não tenho.
Me inclino para um último beijo
Frívolo e sem sentimento.

Toco finalmente seus lábios.
Meu corpo todo está gelado agora.
Uma pequena lágrima escorre,
daquele que não sonha mais.

15 de maio de 2012

Dia nublado

A cada manhã você abre a mesma janela e olha a mesma tediosa paisagem ao redor.
Grita com o mundo esperando uma resposta, simples que seja.
O silêncio será o melhor do seu dia nublado e você sabe disso.

6 de maio de 2012

Qualquer gesto de amor
é ignorado por todos.
As rosas não existem mais.

Sentado à beira do abismo
à espera de um milagre.
De um grito de dor
a resposta é apenas um eco.

O que se pode esperar,
vivendo em uma guerra
onde todos são inimigos?

Esperança não é uma opção.
Jantar as sobras de um
almoço que você nunca comeu.

A juventude está passando
como uma chuva de verão.
Apenas as lembranças ficam.

Assistindo à um triste
Pôr do sol, de um lindo dia.
A noite está vindo,
é melhor se esconder...

Os medos estão chegando.
Os maiores temores vêm a noite.
É melhor se esconder.

4 de maio de 2012

Sonhos passados

Quando me vi sem você,
não tive mais nada a dizer.
Me vi sozinho, calado 
o amor disse tudo,
como eu te amei, meu bem.

Você não deu valor,
simplesmente jogou 
toda nossa história fora
como uma poesia antiga.

Tudo o que eu queria agora
era poder te abraçar
dizer que te amo.
Apenas eu e você.

Mas você não entende.
Não somos apenas nós,
o mundo mexeu com a sua cabeça
E você se deixou envenenar.

Separados pelo universo
estamos agora destinados
a sonhar um com o outro,
como se a vida se vivesse dormindo.

E, meu bem, tenho que confessar
que passo todo o meu dia
esperando a hora de dormir
só pra te encontrar mais uma vez.

Pablo Naruda

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos, 
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar 
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos 
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame, 
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

Pablo Neruda