28 de fevereiro de 2012

Verticalado

Ando procurando
Navegando em um deserto.
Ao longo da minha jornada.

Lado a lado com a saudade,
Ando desnorteado, cabisbaixo.
Ultrajando a mim mesmo, sentindo.
Razões pra esquecer, tenho muitas.
Apenas uma para lembrar.

Recomeçar



RECOMEÇARNão importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…
Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.
Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”
Carlos Drummond de Andrade.

24 de fevereiro de 2012

José - Carlos Drummond de Andrade

      JOSÉ
                  E agora, José?
              A festa acabou,
              a luz apagou,
              o povo sumiu,
              a noite esfriou,
              e agora, José?
              e agora, você?
              você que é sem nome,
              que zomba dos outros,
              você que faz versos,
              que ama, protesta?
              e agora, José?
              Está sem mulher,
              está sem discurso,
              está sem carinho,
              já não pode beber,
              já não pode fumar,
              cuspir já não pode,
              a noite esfriou,
              o dia não veio,
              o bonde não veio,
              o riso não veio
              não veio a utopia
              e tudo acabou
              e tudo fugiu
              e tudo mofou,
              e agora, José?
              E agora, José?
              Sua doce palavra,
              seu instante de febre,
              sua gula e jejum,
              sua biblioteca,
              sua lavra de ouro,
              seu terno de vidro,
              sua incoerência,
              seu ódio - e agora?
              Com a chave na mão
              quer abrir a porta,
              não existe porta;
              quer morrer no mar,
              mas o mar secou;
              quer ir para Minas,
              Minas não há mais.
              José, e agora?
              Se você gritasse,
              se você gemesse,
              se você tocasse
              a valsa vienense,
              se você dormisse,
              se você cansasse,
              se você morresse...
              Mas você não morre,
              você é duro, José!
              Sozinho no escuro
              qual bicho-do-mato,
              sem teogonia,
              sem parede nua
              para se encostar,
              sem cavalo preto
              que fuja a galope,
              você marcha, José!
              José, para onde? 

16 de fevereiro de 2012

Soneto da Separação


SONETO DE SEPARAÇÃO

Vinícius de Morais


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


O Meu Impossível (Florbela Espanca)


O meu impossível


Minh'alma ardente é uma fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!


Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!...


Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!... Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto...


Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como a sinto!...

15 de fevereiro de 2012

Poema do esquecimento (José Angel Buesa)


Poema do Esquecimento


Vendo passar as nuvens foi passando a vida,
e tu, como uma nuvem, passaste por meu tédio.
E se uniram então teu coração e o meu,
como se vão unindo as bordas de uma ferida.

Os últimos sonhos e os primeiros cabelos brancos
entristecem de sombra todas as coisas belas;
e hoje tua vida e minha vida são como as estrelas,
pois podem se ver juntas, estando distantes…

Eu bem sei que o esquecimento, como uma água maldita,
nos dá uma sede mais funda que a sede que nos resgata,
porém estou tão seguro de poder esquecer…

E olharei as nuvens sem pensar que te quero,
com o hábito surdo de um velho marinheiro
que ainda sente, em terra firme, a ondulação do mar.



Achei que seria apropriado... Muito bom esse autor. Ele é espanhol, mas a maioria das suas obras estão traduzidas.

14 de fevereiro de 2012

Mil Perdões

Para comemorar o valentine's Day, uma composição mto especial pra mim... espero que gostem.

Mil perdões

Meu amor,

Não sei o que falar

Meu coração sabe o que dizer

Mas minhas mãos não sabem escrever

Tudo o que eu sinto por você.


Os papéis,

Se transformaram de um branco sem fim

Em um vermelho carmim.

Vermelho cor de paixão

Ao correr do lápis na mão,

Palavras ditas por meu

pobre coração.


Mil perdões,

Por não saber escrever

Por tudo o que eu digo

Serem versos sem sentido

De um poema mal escrito

Por mim.


Mil perdões,

Por tudo o que eu sinto

Não poder ser resumido

Por tudo o que eu sinto

Você nada entender.


Mesmo assim,

Vou continuar a tentar

Mas se você não gostar

Das cartas que eu lhe enviar

Devolva-as para mim

Para eu pelo menos me lembrar

De como eu era feliz.


Mil perdões,

Por não saber escrever

Por tudo o que eu digo

Serem versos sem sentido

De um poema mal escrito

Por mim.


Mil perdões,

Por tudo o que eu sinto

Não poder ser resumido

Por tudo o que eu sinto

Você nada entender.

13 de fevereiro de 2012

Soneto à mulher amada

Soneto à mulher amada

Teus meigos olhos mostram sentimentos
que tua boca não consegue me dizer.
Tuas atitudes refletem tormentos
que minha mente tenta esquecer.

A tua chegada foi inesperada
hoje eu te espero todo dia.
Minha esperança foi reavivada
Por tua doce e mui bela companhia.

Se pra longes tu tivesses que partir
eu iria para onde quer que fosses
Confiando plenamente no porvir.

Vendo essa história compor-se
vou caminhando, sempre ao teu lado
querendo sempre amar e ser amado.
Estêvão Barros     

O Poeta e a Princesa (Estêvão Barros)


O poeta e a princesa

I


A história de um poeta,
pobre fidalgo de lugar nenhum
E da nobre princesa
que possuía diversos reinos
em muitos corações.

A alma do poeta já sabia,
desde a primeira vez
Que seus olhos se encontraram
A princesa seria um dia
A razão de sua grande obra prima.

Mas enquanto o poeta escrevia
sobre todo o amor que levava no peito,
a princesa, indiferente,
mal sabia do amor daquele
que por ela suspirava,
apreciando a dor do que não via.

Tomaram caminhos diferentes.
Enquanto o poeta tentava se encontrar
Na gélida curva do caminho,
A princesa seguia,
Aquecida pelos braços da vida.

Após alguns anos errantes,
em uma noite de um dia frio,
eis que se encontraram,
O poeta e a princesa.
E a nobreza tinha o mesmo sorriso
e os mesmo olhar
que sempre estiveram nos olhos do poeta.


O poeta não se deixaria cativar
Por qualquer princesa
Que quisesse lhe roubar o coração.
Mas A princesa o levou
Para onde ninguém nunca
Poderia imaginar
Um reino além do conhecido,
Onde o Amor era o rei.

O poeta não mais escrevia
Sobre tempestades e naufrágios,
Passou a escrever sobre o sol,
Sobre as estrelas, sob o luar.

Com um pedido, uma rosa e uma surpresa,
Mostrou-se a simples perfeição.
E a princesa finalmente entendeu
Que amava o nobre fidalgo.
E o mundo foi testemunha
De algo mais que a paixão.
E os sonhos eram poucos
Para entender essa união.

Escrito estava, pelas mãos do poeta
Que seriam mais que amigos.
Escrito estava, pelas mãos do poeta
Que seriam amantes.
Que andariam de mãos dadas
Ao longo do mesmo caminho.
Amantes do universo
Além do entendimento.
Pois como poderia
Aquele pobre poeta
Tornar-se príncipe
E como dote pela bela princesa
Oferecer o mais valioso tesouro
Que um dia o pertencia.
O poeta deu para a princesa amada
O Amor que lhe inspirava a escrever poesia.


II


Mas eis que um dia
sobreveio a agonia.
E toda aquela poesia
Que antes ardia no peito do poeta,
Perdeu sua harmonia.
Oh, quão triste foi
Ver os versos que choravam
Os versos que lamentavam
A perda de tão sublime
Paixão.
Mas fora escrito,
Desde o tempo de Julieta,
Que impossível seria
Viverem juntos,
O poeta e a princesa.

O inverno chegou
E congelou o coração do poeta.
Enquanto a flor que a princesa
Um dia recebera
Secava e murchava,
A medida que o tempo ia passando.

O Amor, entretanto,
Não conhece barreiras.
E foi na maior das tempestades
De inverno
Que sobreveio o sol.

Foi quando os olhos
Dos amantes se reencontraram.
E disseram, sem nada dizer:
“Eu te amo”
Simplesmente, “eu te amo”.

E olharam-se, amaram-se
Olharam-se e apaixonaram-se
Uma vez mais.

O mundo sumiu.
O amor da princesa e do poeta
Eram soberanos sobre tudo.
E outra coisa ali que não fosse
O amor e a paixão
Simplesmente não existia.



III

Mas eis que não convinha
Esperar pelo que não havia.
E se não mais a princesa
Amava o poeta,
O que ele faria?

Poderia pois o pobre poeta
Deixar aquela fantasia
Partir para a realidade,
Dizer tudo o que não dizia?

Ele disse a princesa
Não se vá, meu amor
Não mate o que há de mais belo
Não mate meu interior.

Já era tarde.
A princesa estava cansada
E aquele sentimento lindo
Foi sufocado pela dor.
E o peito do poeta pulsava
Por amor.

Não mais havia princesa
Não mais havia poeta.
O amor passou a ser uma história
Contada em uma poesia.
Ah!!! Quem dera o poeta
Fosse, na verdade, um contista.
Quem dera fosse um conto de fadas
Ao invés de uma poesia.
Pelo menos assim o
“Felizes para sempre” existiria