26 de março de 2014

Mudança de blog.
Ontem me lembrei que tinha de te esquecer
Hoje esqueci-me disso e te procurei. 
Amanhã tudo voltará ao normal:
nem lembrarei teu nome, nem teu rosto
nem lembrarei que nunca te esqueci.

25 de março de 2014

Às vezes me pergunto: 
O que eu sinto?
Como definir? Como tornar a abstração 'sentimento' em algo palpável, dizível e, até certo ponto, compartilhável?E mais! Como conceber algo que não sabemos do que se trata? Ou seja, como sei que sinto amor e não algo similar? Como saber que não estou sendo enganado por meras nominações abstratas? Afinal, como saber se na verdade o amor é na verdade o sentimento do exagero?
Talvez a questão seja menos "como definir", mas sim "definir?". Qual a necessidade de tornar concreto algo abstrato? Por que tentar tocar o intangível?
Ademais, por enquanto não sei o que sinto. Basta saber que sinto.

15 de março de 2014

Mulher minha

Mulheres...
São todas iguais!
Não sabem guiar um carro,não sabem se virar sozinhas.
Pra abrir uma porta precisam de uma ajudinha.

Ah! Mas se é minha mulher...
Esses vestidos curtos pedindo olhares vulgares seriam banidos,
Esse negócio de sair pro trabalho e deixar a casa desleixada
seria a primeira das minhas sanções, a primeira de suas obrigações.

Mulher minha não trabalha, não conversa com outros homens
e não cumprimenta com beijinho como essas feministas.
Muito prazer, sou um porco machista.

14 de março de 2014

Intens[idade]

Amor, sinto-lhe dizer, mas sofremos de intensidade.
Se não percebemos antes é porque
estávamos intensamente apaixonados.
Sim, sofremos de intensidade e exagero.
Amamos intensamente,
brigamos intensamente,
rimos,
conversamos,
choramos,
brincamos,
tudo intensamente.
Algumas vezes até
nos odiamos intensamente.

Fizemos de nós veteranos de 20 anos.
Vivemos mais que casais antigos,
sentimos mais que amores perdidos.


Nos acabamos.
Aproveitamos nossa presença
como num leito de morte.
E assim nos esgotamos.
Sugamos até a última gota
de prazer e de volúpia,
de dor e de angústia.

E agora, tudo se foi.
Nada mais é intenso.
Agora o exagero ficou para trás,
toda a dor e alegria
foram deixados de lado
para dar lugar a um grande vazio.

8 de março de 2014

Encontro

Além dos deprimentes campos ceifados
se esconde ao longe, no alto crepúsculo,
as manchas de sangue impregnadas e
o fétido odor das mais belas mortes.

Uma faca no peito por ciúme,
Uma bala na cabeça por vingança,
Um brinde, a cicuta está servida
não se sabe o porquê.

Ao último tremer do corpo desfalece o criminoso.
Matou pai e filho com um sorriso no rosto
e agora se vai, com remorso e pranto.

E na chegada da justiça tardia
admite-se finalmente... Estavam certos,
Não há nada mais poético que a morte de uma mulher bonita.

(Resultado entre o encontro Chopin e Edgar Allan Poe)

6 de março de 2014

O outro

Quando olho em seus olhos tudo o que vejo é tristeza.
Sem piedade, sem raiva, sem receio, sem medo. Tristeza.
Ver o que se tornou, sentir o que sente e pensar o que pensa
Tudo isso me traz as lágrimas que nunca tive. E nunca terei.
Minto,
não é só tristeza.
Náuseas. Ânsia. Nojo.
É o que sinto quando olho em sua face descarada, desfigurada.
Desfigurada não por cicatrizes e hematomas, mas pelos pecados,
pelas garrafas vazias quebradas e pelo resto de batom que sobrou em sua roupa.
Sim, meus olhos também sentem o cheiro fétido de sua alma.
Conhaque barato, perfume feminino e charuto se misturam
Impregnando seu corpo de culpa e pecado.
Tristeza e náusea. Ah, sim... me esqueci da vergonha.
Sim, vergonha. Quando olho para sua silhueta cambaleante também sinto vergonha.
Não há nada o que fazer.
Apenas aceitar.
Mas o cinzeiro do criado mudo voa em sentido ao corpo parado em minha frente.
Foi um lapso, descontrole.
Mas, como disse, não há nada a se fazer.
Na verdade talvez esteja me sentindo um pouco melhor.
Mas agora preciso comprar um novo espelho... acabei de quebrar o meu.